A relação homem-máquina sempre foi inspiração para a Ficção Científica e o que temos visto, nos últimos tempos, é que a vida está imitando a arte. Prova disso é a naturalidade com que lidamos com a influência de algumas inovações tecnológicas em nosso cotidiano, como a Internet das Coisas (IoT) e a Inteligência Artificial (IA).
Ambas são baseadas em inteligências computacionais altamente sofisticadas e já extrapolam o uso individual, e, principalmente, já não são úteis apenas para facilitar a vida das pessoas. São tecnologias que estão revolucionando o modo como as empresas estabelecem seus processos produtivos, otimizando-os e tornando-os mais eficientes.
Um exemplo é a presença da Inteligência Artificial em diversos setores da economia. Destacaremos, neste post, o uso dessa tecnologia nas indústrias. Boa leitura!
O que é Inteligência Artificial?
Os estudos sobre Inteligência Artificial existem há mais de 70 anos e surgiram da certeza de que computadores poderiam, um dia, pensar como os humanos. Mas foi apenas nos últimos 25 anos que abordagens mais práticas sobre o tema permitiram avanços.
Duas lógicas podem dar uma definição sobre o que é a Inteligência Artificial: a primeira considera IA como a pré-programação de computadores com regras similares às que governam o raciocínio humano; a segunda prevê que redes neurais que simulam células cerebrais podem aprender novos comportamentos e conhecimentos.
Diversas foram as tentativas e os protótipos de robôs preparados para realizar atividades humanas e para substituir pessoas onde o risco é iminente. Mas foi apenas em 2011 que a gigante IBM lançou o Watson, um supercomputador desenvolvido para extrair vastos conjuntos de dados, compará-los e selecionar as respostas mais indicadas para questões diversas.
Essa inteligência de máquina foi testada de forma extrema, com o desafio de desvendar enigmas e questionamentos bastante complexos. Uma verdadeira miríade de algoritmos e redes neurais cumpriram o papel de treinar o Watson, abrindo caminhos para várias aplicações que hoje são comuns no mercado.
Os chatbots, por exemplo, estão por trás dos assistentes virtuais que oferecem atendimento ao cliente em sites de companhias aéreas e em lojas virtuais. Dentre as características da Inteligência Artificial estão o processamento de volumes vultosos de dados e a análise dessas bases com múltiplas variáveis para permitir a simulação de cenários e a tomada de decisões a partir do aprendizado de máquina.
Mas as aplicações não param por aí. Além do setor de serviços, a IA apresenta aplicabilidade nas esteiras de produção da indústria, trazendo um divisor de águas nos processos produtivos antes tão tradicionais e tão dependentes da força de trabalho humana. Inclusive, a IA, ao lado da IoT, é um dos motores da chamada Indústria 4.0.
Como a inteligência artificial vai impactar a indústria?
A AI Applications in Enterprise, é uma abrangente pesquisa realizada em 2019 sobre a trajetória e as previsões de consolidação da Inteligência Artificial em diversos segmentos. As tecnologias de IA citadas como tendências são o processamento de linguagem natural, o reconhecimento de fala e imagem, predição por meio de APIs, realidade aumentada e Computação Cognitiva.
Outra pesquisa publicada em 2019, pela Markets and Markets, destaca que o mercado de IA foi avaliado em US$ 16 bilhões em 2017 e deve chegar a US$ 190 bilhões até 2025.
Dentre as tendências para se consolidar até 2020 estão a utilização da IA por mercados automotivos e do gás e petróleo, que são expoentes do ramo industrial.
A Siemens publicou um gráfico demonstrando o volume de investimentos em recursos de Inteligência Artificial em suas matrizes industriais. O maior valor alocado está em robôs autônomos, incluindo veículos (31%), mas muitos recursos também são direcionados para assistentes digitais (30%), neurocomputadores (22%) e sistemas para monitoramento e controle de máquinas (19%).
Um dos impactos nos processos industriais é a predição, por meio da análise de volumes de dados vultosos que desafiam a capacidade humana. A partir da identificação de padrões, torna-se possível prever, por exemplo, se um equipamento da linha de produção está prestes a falhar ou se a peça que ele molda apresentará algum problema, como diferença nas dimensões programadas.
Com essas funcionalidades, a tomada de decisão humana passa a ser muito mais ágil e, com o tempo e o aprendizado de máquina, o próprio computador pode recalibrar a operação dos equipamentos para corrigir erros percebidos.
A gestão da produção também é otimizada, a partir dos cenários simulados pelas inteligências computacionais, permitindo racionalizar a distribuição das tarefas entre os funcionários.
Além disso, torna-se possível automatizar rotinas para gestão de estoques de matéria-prima, para que sejam acionados processos de reposição e a sequência produtiva não venha a ser interrompida por ausência de insumos básicos.
Como aplicar a inteligência artificial nos processos industriais?
Quando se tenta visualizar a Inteligência Artificial em ambientes industriais, a primeira noção que vem à mente é a de robôs circulando no chão de fábrica e braços automatizados construindo carros e televisores.
Na verdade, o conceito de IA é bem mais amplo e está mais materializado em pontos que não são visíveis aos olhos. O poder da inteligência computacional, na prática, está incorporado nos softwares que comandam a empresa como um todo, desde os departamentos de gestão do negócio até o chão de fábrica.
Esses sistemas estão tornando mais robustas e confiáveis as decisões tomadas nos processos de logística, gestão de estoque, vendas e gerenciamento da produção.
A montagem e a embalagem de peças, etapas que antes eram realizadas manualmente, podem contar com estruturas robóticas pré-programadas e capazes de ajustar posições, alturas, distâncias e medidas de força, de acordo com a peça que está sendo manipulada.
Separamos algumas aplicações da Inteligência Artificial que estão permitindo que a indústria coloque uma nova geração de produtos no mercado, todos embarcados com soluções de IA. Confira!
Automóveis
A Tesla é pioneira no desenvolvimento de veículos autônomos, guiados por inteligências computacionais. Os carros são capazes de estacionar, detectar obstáculos e riscos de colisão, além de monitorar pontos cegos e contar com o reconhecimento de voz para a navegação.
Eletrodomésticos
Geladeiras inteligentes, assim como outros dispositivos que fazem uso da Internet das Coisas, também fazem uso de IA. O aprendizado do comportamento e do padrão de uso do usuário é que retroalimenta o dispositivo, para que ele atue proativamente a partir daí, sem precisar de instruções.
É assim que o refrigerador projetado pela Liebherr, em parceria com a Microsoft, consegue identificar a ausência de algum alimento e enviar um alerta para o celular do usuário.
Smartphones
A produção de celulares foi revolucionada pela Inteligência Artificial. Assistentes digitais de alta precisão, como Siri, Cortana e Google Now facilitam a vida dos usuários e representam uma modificação importante na forma como nos relacionamos com esses dispositivos.
Com a tecnologia de Machine Learning, os aparelhos são fabricados com a capacidade de coletar dados sobre as interações do usuário para que suas preferências sejam atendidas de forma cada vez mais aprimorada.
O caminho da consolidação da IA
Quando uma tendência forte como a da Inteligência Artificial domina o mercado, é preciso que as empresas reinventem seus modelos de negócio para contemplar a novidade e não correr o risco de ficar de fora de um novo universo a ser explorado.
Já existem diversas soluções de IA que podem ser avaliadas por empreendimentos de todos os setores, o que significa que já foi superada a fase de reinventar a roda. O ideal é buscar parceiros tecnológicos com cases de sucesso para trazer essa realidade para dentro da empresa.
Investir em Cloud Computing também é um meio para acelerar essa mudança, já que ela democratiza o acesso a tecnologias e infraestrutura de ponta para suportar os recursos de Inteligência Artificial.
Seguir o caminho que as indústrias estrangeiras estão trilhando é um ponto de partida. Já existem mercados em amadurecimento, especialmente os que têm soluções para aumentar a produtividade industrial. Esses algoritmos de inteligência artificial, lá fora, já são fatores de diferencial competitivo — e têm tudo para se tornar vantagem aqui também.
A modernização das plantas industriais e a automação do processo produtivo é o principal ganho que a IA traz para a indústria e essa trajetória, ainda incipiente no país, precisa dar passos largos para se estabelecer. Enquanto a IA ainda não é tão presente na indústria brasileira, as empresas precisam se adiantar e definir quais processos podem ser alavancados com esse tipo de solução.
A fase de modelagem de problemas reais que serão resolvidos por inteligências de máquina é a chave para o pleno aproveitamento da tecnologia e isso precisa ser feito com critério e com muitos testes para dar confiança à fase de automação. Afinal, a IA é adaptativa e aprende com sucessos e erros.
Ser proativo na adoção da Inteligência Artificial é o diferencial que permitirá a colheita de frutos mais rapidamente. No mercado cada vez mais exigente, inovar continua sendo o caminho do sucesso.
FONTE: Portal ERP